A polarização na Política

                Polarização é a concentração de grupos, interesses, atividades, etc. em extremos opostos. Na política refere-se à divisão da sociedade em polos que representam posições diferentes sobre determinado tema. Dessa forma as pessoas tendem a associar-se a grupos que se autodenominam de esquerda ou de direita. Essa divisão, entretanto, provoca uma separação de modo negativo, pois pode acabar com o respeito às regras comuns, a legitimidade dos adversários e a tolerância necessária para o diálogo construtivo.

Processo histórico da polarização

                Na Grécia antiga existia a união entre a religião e a política. As leis e a instituições políticas eram baseadas em crenças religiosas. A religião moldava as práticas políticas e a política era frequentemente usada como um meio de reforçar a autoridade religiosa. Porém, naquela época, o império percebeu que o que dividia o povo era a religião, visto que as crenças permitiam essa polarização.

                Assim, começaram a criar sistemas políticos com a intenção de unir o povo em torno de uma única ideia. Todavia, existiam pessoas que se contrapunham a essas concepções. Mas, essa oposição não era uma situação ruim, na verdade, ela permitiu o surgimento da democracia.

                O sistema político democrático possibilitou que os cidadãos na Grécia antiga tivessem voz ativa, admitindo que eles participassem de assembleias e votassem nas decisões políticas. Nota-se que a democracia antiga não é a mesma de hoje, haja vista que era exercida de forma direta pelas pessoas.               

Por que ainda existe a polarização nos dias atuais?

                A existência da democracia permite que haja polarização, senão estaríamos diante de uma ditadura. A própria política nasce com as diferenças de opiniões das pessoas, logo a política existe para regular os interesses e buscar uma convivência pacífica entre a população. À vista disso, a polarização ainda existe nos dias atuais.

                Entretanto, o que chama atenção, é a nova polarização. O que antes seria uma forma de “expressão da liberdade” ou uma criação de diversos partidos políticos que visavam o bem comum, hoje a polarização remonta-se à totalidade da vida das pessoas confundindo-se com a sua própria identidade. Exemplificando, os grupos de esquerda não convivem pacificamente com os grupos de direita, e isso leva à temática “nós versus eles”. Essa identidade política, corrobora ainda mais com a divisão da sociedade.

                Além disso, com o surgimento das tecnologias, as formas de participação na política se ampliaram, a informação se disseminou com uma velocidade nunca antes vista. Porém, com ela, também vieram informações falsas, as chamadas fakes news. As redes sociais se tornaram um instrumento politico tanto para defender o político de estimação quanto para atacar o adversário. Não só ataques a políticos, como também aos próprios cidadãos, aqueles que não pensam da mesma forma que o “meu” grupo.

                Todas essas questões contribuem para a polarização na política. No entanto, em épocas passadas era um exercício da própria democracia, hoje nota-se que ela dá gás a um extremismo que faz com que as divergências não sejam resolvidas e dificulta na organização da sociedade.               

Como podemos reduzir a polarização política?

                Reduzir a polarização não é um quesito muito fácil na prática. O cérebro humano tende a pregar peças quando o assunto se trata da nossa visão de mundo, nossas ideologias e crenças. No entanto com algumas práticas podemos tentar resolver essa problemática, senão reduzi-la:

  • Mudar a narrativa do campo das identidades para o campo das ideias: assim como no passado era discutido o bem comum, devemos tornar a fazê-lo. Em vez de nos apegarmos a sentimentos negativos, devemos promover ideias que busquem a justiça social e favoreça a todos.
  • Consumir notícias a favor e contra a sua opinião: devemos agir como os cientistas. Pesquisar os argumentos a favor e contra os fatos e coloca-los a prova, faz com que criemos um juízo de valor muito mais assertivo.
  • Promover um diálogo saudável: em vez de atacar a pessoa em si precisamos dialogar de forma respeitosa contra as suas ideias ou opiniões. Geralmente as pessoas buscam a ofensa para “ganhar” um debate.
  • Pensar nos seus valores e no do próximo: nos lembrar que todos somos seres humanos dotados de deveres e direitos faz com que nos unamos e convivamos de forma pacífica com diferentes opiniões.

                Se você gostou desse artigo e quer saber mais a respeito do tema, os autores Felipe Nunes e Thomas Traumann escreveram o livro – Biografia do abismo: Como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil.

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